A maior cadeia montanhosa de Portugal continental (atinge 1993 metros de altitude na Torre), é mais do que uma montanha, é uma região com mais de 101 mil hectares de paisagens, que atravessa dois distritos (Guarda e Castelo Branco) e seis concelhos (Guarda, Manteigas, Seia, Gouveia, Celorico da Beira e Covilhã).
A Serra da Estrela é o berço dos dois maiores rios nascidos em Portugal, Mondego e Zêzere, a que se juntam o Alva e o Côa. A estes acrescentam-se 25 lagoas de origem glaciar e várias praias fluviais.
Para os amantes de turismo de natureza, a Serra da Estrela é um dos locais de eleição, até porque a cada visita existe algo novo para nos encantar.
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O Parque Natural da Serra da Estrela fica bem no interior de Portugal, a cerca de 300 km de Lisboa e 200 km do Porto e integra a Cordilheira Central Portuguesa, junto com a Serra do Açor e a Serra da Lousã.
As principais subidas à Torre são: Seia/Sabugueiro (via N339), São Romão (via M513), Loriga (via N231), Unhais da Serra (via N339), Covilhã (via N339) ou Gouveia/Manteigas ou Guarda/Manteigas (via N332 e N338).
Regressamos à Serra da Estrela, desta vez no tempo frio e com neve. Num inverno anormalmente ameno, o manto branco não é grande e praticamente só existe próximo da Torre, mas lá está ela, no cimo da serra, brilhante e majestosa.
Chegamos à Serra pelo lado Norte, subimos por Gouveia em direção a Manteigas.
A primeira paragem é na Cabeça do Velho, uma grande pedra de granito, que vista da estrada no lado Norte, e de determinada perspetiva, recorta no horizonte a forma de cabeça humana. É uma forma natural e formou-se devido à erosão.
Para lá da icónica pedra, a paisagem é fantástica e merece ser contemplada.
Um pouco mais à frente em vez de seguirmos para o Sabugueiro/Torre, continuamos na N332 para as Penhas Douradas. Pouco depois encontramos a Nascente do Mondego, a mais de 1400 metros de altitude encontramos a Fonte do Mondeguinho, local onde nasce o maior rio inteiramente português. É o km 0 de mais de 258 km, que nos levam até à Figueira da Foz, atravessando os distritos da Guarda, Viseu e Coimbra (é a fronteira natural dos 3 distritos).
Guia e Roteiro Visitar Serra da Estrela - Roteiro de Inverno - Mondeguinho
Pouco antes de Manteigas existem umas peculiares casas parcialmente feitas em penedos, inclusive com o telhado em pedra.
A Casa da Fraga (o primeiro "sanatório" da Serra) é uma delas mas existe pelo menos uma outra pouco depois do hotel da Casa das Penhas Douradas.
Logo ali ao lado, o Miradouro do Fragão do Corvo tem uma vista privilegiada para Manteigas.
A vila tem alguns locais de interesse, como algumas igrejas e casas históricas, comércio, hotelaria e restauração. As termas e os viveiros das trutas antecedem a fabulosa N338. A partir daqui são 8 km de rara beleza, uma das mais belas estradas de Portugal.
O Miradouro dos Covões e Barracão de João Domingos, a Fonte Paulo Luís Martins, o maravilhoso Covão D'Ametade (local onde nasce o Rio Zêzere) ou o Miradouro da Catarina são locais de paragem obrigatória.
A caminho da Torre, tempo ainda para apreciar os vários miradouros para o vale glaciar, o túnel, a Nossa Senhora da Boa Estrela, os Cântaros Raso e Magro.
Finalmente a Torre e a neve. Infelizmente este ano há pouca ou nenhuma.
Voltamos a descer até às Penhas da Saúde, ao Miradouro dos Piornos e á Lagoa do Viriato.
Meia dúzia de km e chegamos ao Miradouro da Varanda dos Carqueijais, com um amplo panorama sobre a Cova da Beira.
Por fim, a Covilhã, paramos junto ao Miradouro das Portas do Sol e deambulamos pelas ruas da cidade até à Igreja de Santa Maria Maior e à Praça Municipal. Pelo caminho vários exemplos de street art que levam a Covilhã a todo o mundo.
Em mais uma visita à Serra, em Novembro de 2023, ficámos alojados nas Pedras Lavradas e percorremos a Serra entre Alvoco da Serra e manteigas para fazermos a maravilhosa Rota das Faias.
Localizada num recanto de solos férteis e de águas abundantes, a aldeia de Alvoco da Serra (680 metros de altitude), teve, durante séculos, como principais atividades a criação de gado, com destaque para as cabras e ovelhas, e o cultivo dos campos agrícolas armados em socalcos, situados na sua envolvente. Hoje mais virada para o turismo a ponte em cantaria de granito, localizada na entrada da aldeia sobre a ribeira de Alvoco, de arco único de volta inteira é de paragem obrigatória.
A pequena aldeia serrana, com aproximadamente 180 habitantes entrou nos roteiros turísticos devido aos seus enfeites de natal. No final de cada ano e inicio do seguinte a aldeia veste-se a rigor para festejar o natal, chegando mesmo a ter uma reportagem no The Guardian britânico.
Desde 2013 que as ruas são decoradas pelos habitantes com as suas mãos sábias e com materiais da Natureza, como as giestas, as videiras, os pinheiros, folhas de fetos, lã das ovelhas bordaleiras, canas de milho, entre outros, e as portas de suas casas estão abertas e dão vida a pequenos mercados de Natal, as tasquinhas e as ruas são espaços em que a comunidade se funde com os visitantes.
Em Novembro e com o tempo muito adverso ainda não havia enfeites mas fica a promessa de um regresso na época de Natal.
A praia fluvial da Lapa dos Dinheiros está em plena comunhão com a natureza.
Localizada a cerca de 1,5 Km da freguesia da Lapa dos Dinheiros, na ribeira da Caniça, um afluente da margem direita do rio Alva, esta zona de banhos enquadra-se numa paisagem de montanha, dominada pelo souto da Lapa e imponentes afloramentos graníticos.
Com um espelho de água límpida, muito apetecível a banhos, a praia ostenta o galardão de praia acessível e tem vigilância e um bar ao dispor do visitante.
O relevo acidentado do vale faz com que a ribeira forme, nas imediações, uma sucessão de pequenas cascatas. Também o souto da Lapa, para além do conjunto valioso de castanheiros centenários, alberga uma biodiversidade elevada.
Partindo da ponte, um caminho pedonal dá acesso ao buraco da Moura e a um miradouro sobre as quedas de água da Caniça. O buraco da Moura constitui um sistema cavernícola natural originado pelo deslizamento e acumulação de grandes blocos graníticos, que formaram um complexo sistema de salas e galerias.
É um pouco estranho incluir uma praia fluvial num roteiro de inverno mas em Novembro e com muita água na ribeira, a calmaria da praia fluvial transformou-se num mar revolto e agressivo. É espetacularidade que este local nos oferece no inverno merece uma visita.
A Rota das Faias possibilita a descoberta de algo novo e surpreendente a cada instante, desde a vegetação esplendorosa, a paisagens fulgurantes, que juntamente com a agricultura e a pastorícia proporcionam um passeio perfeito para quem deseja conhecer a serra, as suas gentes e costumes.
Mais do que um trilho pedestre, a Rota das Faias é uma experiência sensitiva, onde os odores a rosmaninho, hortelã-brava, alfazema e tomilho se fundem com magníficos quadros que rodeiam o olhar de quem os observa.
A sua denominação advém do facto deste percurso mergulhar no interior de uma densa floresta de faias, plantada pelos Serviços Florestais de Manteigas no início do século XX.
Para além desta espécie, também há a destacar o castanheiro, a giesta, o pinheiro-do-Oregon e os imponentes carvalhos monumentais que rodeiam a Capela de S. Lourenço, lugar de culto de reminiscências pagãs, relacionadas com a adoração das árvores e do Sol – no solstício de Verão, quem está em Manteigas vê o sol nascer sobre S. Lourenço.
São cerca de 5,4 km circulares que devem ser feitos preferencialmente no mês de Novembro, já que é nessa altura que as folhas das árvores têm cores aquelas cores outonais magníficas.
Nota: De referir que este Guia e Roteiro Visitar Serra da Estrela - Roteiro de Inverno (como os outros) pretende ser apenas um guideline e não para ser obrigatoriamente cumprido à risca. Cada visitante pode acrescentar ou retirar locais, fazer em mais ou menos dias. Numa escapadinha de um ou vários dias. E, claro, estamos disponíveis para ouvir conselhos e dicas para melhorarmos os nossos roteiros!