Mafra, localidade nos arredores de Lisboa, na chamada Região "Saloia", termo que deriva de "Çalaio" ou "çaloio", que era o tributo que se pagava do pão cozido na corte e Patriarcado de Lisboa. Çaloio era também o nome que se dava aos mouros da seita "çalá" e no começo da nacionalidade era o nome que se dava aos descendentes dos provençais colonos oriundos de Salles d'Ande.
Após a conquista da região de Lisboa, D. Afonso Henriques manteve muitos terrenos na posse dos mouros, para que continuassem a abastecer a cidade de Lisboa de produtos agrícolas.
Estes aldeões, sem grande instrução, temiam ser enganados pelos da cidade, os “alfacinhas” e, ainda hoje, as pessoas mais idosas designam por “estrangeiro”, quem vem de Lisboa ou de qualquer outro ponto do País.
Assim, devido a esta rivalidade, algumas expressões tradicionais são atribuídas ao povo "saloio", como "alfacinhas" ou "esperteza saloia".
Uma vez que os lisboetas apelidaram estas populações de “saloios”, quase como uma “moeda de troca”, estes apelidaram-nos de "alfacinhas".
Como os lisboetas domingueiros, a partir do séc. XIX, adquiriram o hábito de passear por estas terras, usando um laço ao pescoço. Ora, para os “saloios”, estes laços (farfalhudos) faziam lembrar alfaces ao pescoço.
O termo “esperteza saloia”, que tem origem na sistemática atitude de desconfiança dos habitantes desta região, que os levava a recorrer a diversos artifícios, para não se deixarem enganar.
Todavia, tais artifícios, na sua maioria, eram tão simples e ingénuos, que frequentemente se desmascaravam com facilidade.
No entanto, o pouco apreço dos alfacinhas pelos saloios (embora injusto), associado à imagem do camponês simplório, cultivador de hortas, divulgada pelo teatro e pelo cinema, fez com que a expressão “esperteza saloia” fosse adquirindo uma conotação depreciativa e passasse a ser aplicada àqueles que se julgam mais espertos do que os outros.
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Iniciamos a Volta Saloia com a fotogénica Cascata da Fervença ou da Bajouca
Como chegar -> Seguir até Fervença, na Terrugem. Na N9 sair para Lameiras e voltar a entrar na N9 sentido Sintra, sair logo na primeira à direita para o Restaurante Baião, as viaturas ficam nesse pequeno largo.
Depois seguimos a pé, por uma rua em alcatrão até encontrarmos do lado direito uma palete que serve de portão. Depois, seguimos por um caminho em terra batida do lado esquerdo, sendo que a cascata são 200 metros mais abaixo.
Guia e Roteiro Visitar Lisboa - Mafra | A Volta Saloia - Cascata da Fervença
Seguimos pela N9, saímos em Montelavar, seguindo sempre em direção a Anços. Seguir até encontrar uma saída para a esquerda com uma placa informativa das cascatas. Os carros ficam num pequeno largo, o resto do percurso será feito a pé. Depois de acabar o alcatrão e começar a terra batida, sigamos pela estrada à esquerda, a estrada à direita vai dar ao topo da cascata, descemos uns 300 metros até encontrar nova indicação à direita (também dá para ir em frente passando por uma mó de moinho abandonada). Mais um pequena descida (na parte final do percurso é necessário saltar umas pedras) e chegámos.
Guia e Roteiro Visitar Lisboa - Mafra | A Volta Saloia - Cascata de Anços
Aldeia tradicional da Região Saloia, a Aldeia da Mata Pequena é um conjunto de casas de pedra pintadas de branco com faixas azuis e amarelas. As casas foram recuperadas e transformadas em turismo rural mas mantiveram a sua essência tradicional.
Numa única rua, existe uma magia que nos faz recuar no tempo. Nas paredes das casas existem vasos com flores de várias cores e nos pequenos logradouros, existem diversas bicicletas antigas, velhos utensílios usados na agricultura, jarros, regadores e muitas outras peças que decoram na perfeição a aldeia e as suas pequenas casas.
Guia e Roteiro Visitar Lisboa - Mafra | A Volta Saloia - Aldeia da Mata Pequena
A região é conhecida pelo imponente Palácio-convento, o maior edifício português, construído no séc. XVIII por ordem de D. João V.
O Rei que ainda não tinha filhos, três anos após o seu casamento com D. Maria Ana de Áustria, prometeu aos frades franciscanos que lhes construiria um convento na localidade de Mafra, caso as suas preces para que um herdeiro nascesse, fossem atendidas.
Por ocasião do nascimento de D. Maria Pia (sua filha), iniciou-se a construção do edifício, cujo projeto inicial era bastante modesto. No entanto, e após a contratação do arquiteto alemão Ludovice o projeto sofreu alterações profundas possíveis de concretizar dado o fausto que se vivia em Portugal nessa altura, devido às riquezas provenientes do Brasil. Assim foi construído este monumento grandioso, (que além do convento para 300 frades, inclui uma basílica e um palácio real com 666 divisões), num tempo record de 1717 a 1730 para ser inaugurado na data do 41º aniversário do Rei.
Anexa ao Convento, o Jardim do Cerco é uma obra iluminada, mantida com detalhe e minúcia para a população e visitantes. Espelhos de água, caminhos largos, árvores frondosas e uma nora centenária ainda em funcionamento são alguns dos atrativos deste jardim inspirado em Versalhes.
Este local é a transição perfeita entre a vastidão murada da Tapada Real e a monumentalidade do Palácio Nacional de Mafra, que se ergue num dos seus flancos.
O bosque e os jardins estendem-se por oito hectares, com ofertas de recantos, sombras, cascatas ou até mesmo uma horta peculiar: a Horta dos Frades, onde estão à vista as plantas utilizadas nos produtos medicinais (farmácia), aquando da sua construção, ordenada por D. João V.
No Jardim do Cerco existe um espaço denominado Horto das Aromáticas, que apresenta cerca de 39 espécies de plantas com utilização para fins medicinais e condimentares. Para saber mais, consulte a ficha respetiva de cada planta.
É desde 2019, Património Mundial da UNESCO.
Aldeia Típica de José Franco, Aldeia Típica do Sobreiro ou simplesmente Aldeia Saloia. Situada na pequena localidade do Sobreiro, entre a Ericeira e Mafra, é uma das mais reconhecidas aldeias musealizadas do país.
A história da pequena aldeia remonta ao nascimento do oleiro José Franco, em 1920. O seu pai era sapateiro e a mãe, vendedeira de loiça, fazendo a venda de barros de porta em porta, bem como por muitas feiras e mercados estremenhos. Visto que o Sobreiro era um importante centro oleiro, desde cedo José Franco conviveu com o ofício e, ainda criança, ao deixar a escola primária, aprendeu o ofício com dois mestres oleiros locais, antes de trabalhar por conta própria, aos 17 anos de idade. Nessa época, reabilitou a olaria que tinha pertencido ao avô, há muito desativada.
Em início dos anos 60, José Franco deu asas a um sonho, de recriar uma aldeia de caráter etnográfico, onde as suas memórias de infância se cristalizassem, testemunho do modo de viver das gentes locais, em homenagem à sua terra. A sua aldeia teria dois componentes: seria uma réplica das antigas oficinas e lojas, dos espaços vividos, decorados e apetrechados por objetos reais, onde se reproduziam os costumes e atividades laborais intrínsecas à sua infância e à vida camponesa da região de Mafra; em simultâneo, a aldeia compreendia uma área lúdica, dedicada às crianças, repleta de miniaturas de casas e habitantes que retratavam as atividades exercidas à época: trabalhos no campo, carpintarias, moinhos de vento, capelas, mercearias, escolas, adegas, camponeses e até uma reprodução da vila piscatória da Ericeira e dos ofícios ligados ao mar. Em anos posteriores, a Aldeia-Museu foi beneficiada pela construção de uma terceira área, murada como um castelo, com um parque-infantil, incorporando alguns engenhos agrícolas, que as crianças podiam movimentar livremente.
Hoje, o pequeno mundo moldado pelas mãos de José Franco (falecido em 2009) é visitado anualmente por milhares de pessoas. E, para além da exposição das figuras, no museu que lhe foi dedicado, os visitantes encontram réplicas à escala humana de muralhas de castelos, moinhos de vento, um parque infantil, uma pequena adega onde podem provar o vinho da região ou ainda a padaria, onde podem comprar o afamado pão com chouriço, entre outros. Na Aldeia de José Franco cabe a dedicação de uma vida à nobre atividade tradicional da olaria, expondo ainda a rica cultura artesanal do Concelho de Mafra.
A nossa Volta Saloia acaba junto ao mar, na Foz do Lisandro. A zona costeira a oeste de mafra é muito procurada como estância balnear, e por surfistas atraídos pelas excelentes condições que esta praia e as que lhe são vizinhas (Ribeira de Ilhas, Ericeira) oferecem para a prática deste desporto.
Nota: De referir que este guia e roteiro de Lisboa (como os outros) pretende ser apenas um guideline e não para ser obrigatoriamente cumprido à risca. Cada visitante pode acrescentar ou retirar locais, fazer em mais ou menos dias. Numa escapadinha de um ou vários dias. E, claro, estamos disponíveis para ouvir conselhos e dicas para melhorarmos os nossos roteiros!